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Como nasceu e como evoluiu a Música - parte 2

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safirazul
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Como nasceu e como evoluiu a Música - parte 2

#1

Mensagem por safirazul »

O florescimento da música :

Para as classes superiores da Renascença, a música era sinal de êxito social, ideia partilhada aliás por todas as pessoas de qualquer categoria. Com efeito, a música tinha um lugar importante na vida quotidiana, e um viajante de visita a Itália no século XVI admirava-se por encontrar componeses a tocar alaúde e pastores a recitar poemas.


A Música da Corte :

Com tantos amadores dotados, poder-se-ia julgar que a vida do músico profissional se tornaria cada vez mais difícil. Mas a música aparecia como um símbolo de poder e de riqueza. Os monarcas rivalizavam nas pompas musicais. Em França, Francisco I rodeara-se de uma corte brilhante de artistas e de músicos; em Inglaterra, Henrique VIII era ele próprio cantor, compositor e instrumentista de talento.

A posição mais desejada de músico profissional era a de ser servidor musical de um palácio principesco. O lugar mais elevado, geralmente o de organista ou de mesre-de-capela, compreendia, entre outras funções, o ensino e a composição da música militar, religiosa, de cerimónia e música para dançar.

Os nobres, à imagem do seu rei, rivalizavam entre si, e toda a família de alta estirpe devia pôr todas as espécies de instrumentos de música à disposição dos seus convidados e visitantes.

A competição, unida a uma paixão sincera pela música, fez da Renascença um período de desenvolvimento musical intenso.


Novas ideias musicais :

Os músicos da Renascença percorriam a Europa, permutando as suas ideias. Cada país possuía o seu estilo próprio. Assim, na Itália, a música era calorosa e animada, enquanto a música francesa e a flamenga era mais grave e mais composta.

Para se obter novos efeitos adaptaram-se numerosas formas medievais. Por exemplo, um motete da Idade Média podia comportar quatro textos diferentes, que se cantavam simultaneamente, cada um dotado de um ritmo e forma próprios. Os compositores da Renascença utilizaram o mesmo texto para as quatro partes dando assim à música uma certa unidade. Depois reforçaram este efeito através da imitação : um fragmento melódico era ouvido numa primeira voz, retomado nos agudos e, momentos depois nas vozes graves. A cada nova entrada, a melodia misturava-se com os seus próprios ecos.


O madrigal :

Com as novas técnicas, escreveram-se madrigais, um tipo de canção a várias vozes para pequenos conjuntos de cantores. O madrigal tornou-se o género favorito nos séculos XVI e XVII.

Os compositores de madrigais adaptaram a sua música de uma forma inteiramente diferente em função do texto. Assim os poemas madrigalescos serão melancólicos, entusiásticos, absurdos e até grosseiros; recorrendo a uma grande variedade de ritmos e de melodias, os compositores procuravam equivalência musicais para traduzir mais intensamente as emoções dos poetas. Notas longas como suspiros traduziam o lamento de um amor desiludido, enquanto uma peça destinada a celebrar uma cerimónia era arrebatadora, brilhantes e por vezes comovente. Os madrigalistas mais importantes foram William Byrd, Roland de Lassus, Giovanni Palestrina e Carlo Gesuado.

Numerosos madrigais do último período adoptaram o estilo homofónico. Em lugar de haver múltiplas vozes independentes misturando-se de forma polifónica, na homofonia as vozes contam ao mesmo tempo seguindo os mesmos ritmos. Os músicos interessaram-se, pois, principalmente pelas notas que soavam em conjunto, o que constituía um desenvolvimento importante da harmonia ocidental.

Nesta época, tornou-se moda cantar apenas a parte superior do canto, podendo as vozes baixas ser substituídas por instrumentos, por exemplo um conjunto de violetas ou um simples alaúde.


Os instrumentos tornaram-se independentes :

No início da Renascença dominou a música vocal. Os instrumentos eram sobretudo utilizados para o acompanhar o canto ou a dança.

Todavia, no final do século XVI, a ideia de escutar só os próprios instrumentos havia levado certos compositores a escrever obras unicamente instrumentais. Uma das primeiras formas inventadas para os instrumentos foi a canzone, peça no estilo da cantiga a várias vozes.


A música impressa :

O número crescente de músicos reflectia uma procura musical cada vez maior. A música de igreja tal como as canções populares utilizaram múltiplas combinações de vozes e de instrumentos.

Sem a invenção da imprensa cerca de 1450, teria sido impossível satisfazer a procura crescente de peças musicais. Na Idade Média só as pessoas ricas podiam dar-se ao luxo de ter livros, pois estes tinham de ser laboriosamente recopiados à mão. Doravante, toda a gente podia comprar música empressa e tocá-la en sua casa.


A época barroca :

Durante quase todos os séculos XVI e XVII, a Europa foi assolada por guerras e revoltar. Em contrapartida, a música elegante e disciplinada da época oferecia um modo de evasão da desordem circundante. Os compositores e os executantes, sempre ligados às ideias herdadas da Renascença, tinham de rivalizar em talento e imaginação para responder às exigências de fausto dos seus protectores.

Os que eram bastante afortunados e poderosos para lançar uma moeda musical, cansados das construções refinadas e complexas da Renascença, aspiravam a uma música mais espetacular e ricamente ornamentada. O termo «barroco» foi inventado pelos detractores desta música que lhe censuravam o ser demasiado carregada e resplandecente.

As primeiras orquestras :

Os instrumentos tão caros aos amantes da música da Renascença já não se adaptavam aos ritmos endiabrados e à virtuosidade do barroco. O alaúde caiu em desuso, enquanto as cítaras e as violas ficavam reservadas para os amadores.

As violetas foram substituídas pelos membros da família da rabeca, mais sonoros e brilhantes. Eles constituíam o conjunto essencial das primeiras orquestras, que se desenvolveram a partir dos conjuntos de corte do século XVII.

Além das cordas, uma orquestra barroca compreendia instrumentos como o oboé, o fagote, a flauta travessa e de bico, mais tarde o clarinete.

Diferentemente da orquestra moderna, havia sempre um cravo ou um órgão. Fabricaram-se novos modelos, capazes de produzir um som bastante forte para ser ouvido quando os outros instrumentos tocavam em conjunto. Inventou-se para o cravo um mecanismo que permitia ao instrumentista dedilhar duas ou três cordas ao mesmo tempo premindo uma única tecla, ideia que também se aplicou ao fabrico de órgãos: tubos de formas diferentes davam ao organista uma escolha de sons opostos; tocando numa só tecla, o ar podia ser enviado para vários tubos.


A ópera :

Tradicionalmente, a época barroca inicia-se com as primeiras óperas, uma das grandes modas da época.

Pode fazer-se remontar as origens da ópera às mascaradas e pastorais populares do século XVI. Estas formas de diversão dramática utilizavam o acompanhamento vocal e instrumental, mas a acção dramática era desenvolvida pelo diálogo falado mais do que pelo canto.

As primeiras óperas apareceram quando um grupo de poetas e de músicos italianos descobriram a simplicidade e a clareza do teatro grego antigo. Eles inventaram um novo estilo de canto, o recitativo, sustentado por um acompanhamento muito simples. A melodia seguia os ritmos de um texto vulgar, a sua função era a de fazer progredir a acção, mas faltava-lhe variedade.

O grande compositor italiano Cláudio Monteverdi, muitas vezes denominado o “pai da ópera”, rompeu com a monotonia das longas passagens do recitativo introduzindo interlúdios e árias – uma espécie de cantos muito longos para uma só voz. Numa ária, as palavras tinham um papel secundário em relação à música. Por vezes intervinha um coro para comentar a acção.


A profissão e o mecenato :

Nos séculos XVII e XVIII, os compositores eram considerados artesão hábeis. Os músicos de rua contratavam-se à hora mas, para seguir uma carreira musical, era necessário primeiro conseguir um emprego regular e ser bem sucedido. Um compositor podia iniciar-se como organista de uma pequena cidade e tornar-se professor de música do próprio rei. Um emprego numa modesta orquestra municipal podia conduzir o instrumentista num teatro de ópera.

Os compositores escreviam menos para seu prazer do que para satisfazer os seus patrões, quer fossem a Igreja, o Estado ou a Corte. Monteverdi compôs a sua ópera Orfeu para as festas do Carnaval de Mântua; em França, Lully divertiu a Corte com a sua música de ballet; na Alemanha, Bach tinha de produzir uma cantata por semana para o ofício de domingo.

A carreira de Jorge Frederico Haendel passou pela Igreja, pela Corte e pela ópera. Ele foi primeiro organista na Alemanha, depois tornou-se conhecido na Itália como compositor e virtuoso do cravo. Voltou à Alemanha onde ocupou o lugar principal de músico (mestre-de-capela) na corte do eleitor de Hânover; a partir de então a sua fama estava conquistada. Haendel deixou o seu emprego para se tornar ainda mais célebre na Inglaterra – decisão que lhe causou alguns aborrecimentos dois anos mais tarde, quando o eleitor de Hânover se tornou rei de Inglaterra.

Como a popularidade da ópera diminuía na Inglaterra, Haendel escreveu oratórias, uma espécie de óperas sacras, mas sem acção nem encenação; todo o drama residia na música. A oratória de Haendel mais conhecida é O Mesias .


A música de igreja :

A música dramática religiosa era estimulada pelos chefes das Igrejas Católicas e Protestante desejosos de atrair mais praticantes aos ofícios. João Sebastião Bach é o maior compositor de música de igreja.

Bach foi em parte influenciado por Martinho Lutero, autor da Reforma religiosa protestante, cujo objectivo era instituir um ofício religioso no qual todos os fiéis participassem. Anteriormente, os ofícios, muito longos, eram em latim, língua incompreensível para o povo. Lutero introduziu os “corais”, isto é, hinos fáceis de cantar por todos os fiéis.

Bach dedicou a sua vida calma e modesta ao serviço da Igreja alemã, mas foi sobretudo célebre como organista. Nos nossos dias, a sua obra é considerada com a perfeita expressão do espírito musical barroco, aliado ao mesmo tempo a lógica alemã, a delicadeza francesa e a paixão italiana.

Os instrumentos solistas :

A moda dos solistas começou com as primeiras óperas: os espectadores ficavam maravilhados com a amplitude das vozes e a habilidade técnica dos cantores. O entusiasmo pelas execuções de virtuosos depressa atingiu a música instrumental.

Se bem que os laços entre a música e a Igreja fossem muito fortes na época, o divertimento musical era cada vez mais procurado. A ideia de um concerto, onde as pessoas pagariam para ouvir, nasceu no final do século XVIII.

Estes concertos permitiam ao instrumentista solista patentear a sua capacidade ao sustentar uma “conversação” musical com uma orquestra. Num concerto grosso, podia haver vários solistas.


Uma mudança de orientação :

Contrariamente à música da Renascença que dava uma importância igual às diferentes partes, a música barroca dedicou um lugar de mais destaque às partes superiores e inferiores, à melodia e ao acompanhamento. As partes intermédias representava um papel de simples sustentáculo, negligenciado mesmo a maior parte dos compositores compô-las. Limitaram-se a colocar uma série de algarismos sob a parte de baixo e, depois desta “baixa numerada” ou “baixa contínua”, um executante tinha de adivinhar os acordes e realizar nas partes intermédias.

A parte de baixo era em geral interpretada por um baixo de violeta ou um violoncelo, enquanto um organista ou um cravista executava as partes intermédias com a mão direita e dobrava a parte de baixo com a mão esquerda. Este conjunto de instrumentistas tocava todo o trecho, daí o nome de baixo contínuo ou “contínuo”. Numa sonata para três músicos, dois instrumentistas executam duas linhas melódicas e o terceiro realiza o “contínuo”. Todavia, a música polifónica não desapareceu com a introdução do baixo contínuo. Esta ideia de fazer passar uma ideia melódica de uma parte para a outro conheceu uma expansão magnífica, sobretudo na música para cravo de grandes compositores alemães, tais como Buxtehude e Bach. A sua técnica de composição foi chamada contraponto, na qual se encontram os mais belos exemplos das fugas de Bach.


Equilíbrio e beleza :

O termo “clásssico” serve muitas vezes para designar uma música erudita, em oposição à música popular. Aplica-se mais justamente a um período de sessenta anos, entre 1770 e 1830, durante o qual as ideias da arte, na música e na poesia foram fortemente influenciadas pelas culturas clássicas de Roma e da Grécia antigas. No período medieval, as ideias clássicas aperfeiçoaram o pensamento artístico e científico, mas cada época interpretou estas ideias à sua maneira. Os compositores do barroco que estava no fim procuraram a sua inspiração nas ninfas, nos cupidos e nos deuses da mitologia clássica, enquanto os do final do século XVIII se sentiam cada vez mais seduzidos pela beleza formal e pela simplicidade nobre da arquitectura haviam procurado exprimir em música as suas emoções, os da época clássica criaram formas musicais cuja beleza assente no equilíbrio das partes.

Um dos filhos de Bach, Carlos Filipe Emanuel, foi um grande compositor de transição enter o mundo musical de seu pai e a nova escola clássica. A sua música influenciou numerosos e importante compositores, tais como Hyden e Mozart, e contribuiu para fazer da época clássica um período decisivo no desenvolvimento da música ocidental.


A música toma forma :

O desejo de escrever peças musicais interessantes e mais longas havia levado os compositores da Idade Média a colocar ponta com ponta um certo número de ideias importância igual. Esta prática foi desenvolvida quando, por exemplo, a primeira frase musical foi retomada após a exposição de cada ideia nova.

Os compositores de música polifónica foram ainda mais longe, fazendo passar o mesmo motivo de um instrumento para outro ou de uma voz para outra. Adoptando esta prática, os músicos clássicos desenvolveram o motivo num verdadeiro tema. O tema era em primeiro lugar claramente enunciado, depois desenvolvidos; podia-se transformá-lo modificando a velocidade e o ritmo da melodia, ou o clima de acompanhamento; podia também ser fragmentado e tocado com outras frases musicais, e o mesmo invertido ou retrogrado “em espelho”. Estes temas e desenvolvimentos construíram formas musicais perfeitamente equilibradas.

A sonata :

Inspirando-se no concerto grosso, árias e cenas de óperas, suites de danças, certos compositores como C. F. E. Bach e C. F. Stamitz na Alemanha, ou Archangelo Correli na Itália assentaram os fundamentos da forma musical chamada a dominar o período clássico : a Sonata.

Uma sonata clássica era composta por três ou quatro “movimentos”, peças separadas ligadas por uma ideia musicam comum : o primeiro rápido, o segundo lento e o terceiro de novo rápido. Se houvesse quatro movimentos intercalava-se um minuete ou um scherzo entre o segundo e o terceiro movimentos.

Cada movimento tinha a sua estrutura ou forma. O primeiro comportava dois temas principais, cada um podendo ser executado um após o outro, e repetido uma Segunda vez. Vinha então o desenvolvimento de cada tema, primeiro em separado, depois em contraste. O movimento terminava pela retoma de cada tema.

As sonatas, se bem que escritas para piano só ou para solista com acompanhamento ao piano, formavam a base da maior partes das composições clássica. Uma sinfonia é uma sonata para orquestra; um concerto utilizava a forma sonata para um “diálogo” entre um instrumento solista e a orquestra; um quarteto de cordas é uma sonata para dois violinos, viola e violoncelo.

Mozart :

Um dos mais ilustres compositores do período clássico foi Wolfgang Amadeus Mozart, que nasceu em 1756 em Sazburgo na Áustria. Aos seis anos, fez a sua primeira tournée de concertos, tocando perante os principais soberanos da Europa. Regressando ao seu país vinha aureolado de imensa fama e manifestava gosto pela bela vida.

Aos 12 anos Mozart é nomeado Chefe-de-orquestra da corte de Salzburgo. Recebe autorização para fazer uma tournée pela Itália onde a sua música é apaixonadamente aclamada. Aos 14 anos Mozart havia já duas óperas e várias sinfonias.

O príncipe-arcebispo, em Salzburgo, sentiu-se orgulhoso do triunfo por toda a Europa do seu músico prodígio e o seu sucessor instituiu para que Mozart voltasse para exercer as suas obrigações. Mozart já não suportava o cargo que não lhe permitia compor. Após uma violenta alteração com o seu patrão, ele foi literalmente posto à porta da rua.

Passou os últimos dez anos da sua vida em Viena, onde escreveu as suas maiores obras-primas. Todavia, apesar do seu êxito e do reconhecimento do seu génio, Mozart morreu em 1791 na miséria .

Beethoven :

A fama de um compositor como Mozart havia contribuído para fazer de Viena a capital musical da Europa. Foi lá que o jovem Ludwing Van Beethoven se instalou em 1794 para estudar sob a direcção de Hyden. As suas primeiras obras eram inspiradas na música delicada de Mozart e do seu amigo Hyden, mas a forte personalidade de Beethoven ultrapassou as formas clássicas plenas de sobriedade.

Um espírito de liberdade soprava então pela Europa, tanto na política como na arte. Apaixonado pela Revolução Francesa, Beethoven dedicou a sua Sinfonia Heróica a Bonaparte. Mas, ao saber que o primeiro-cônsul se havia feito coroar imperador dos Franceses, Beethoven rasgou a sua dedicatória com desprezo.

Beethoven foi o primeiro grande compositor que seguiu uma carreira musical independente. Foi protegido por numerosos e ricos aristocratas que o ajudaram financeiramente a desenvolver as suas ideias musicais.

Próximo do fim da sua vida Beethoven tornou-se quase completamente surdo. Isto não o impediu de cimpor algumas obras-primas, até à sua morte em 1827.

Continua...
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