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Como nasceu e como evoluiu a Música - parte 3

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safirazul
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Como nasceu e como evoluiu a Música - parte 3

#1

Mensagem por safirazul »

A era da liberdade :

Os escritores, artistas e músicos do século XIX foram profundamente influenciados pela “era da revolução” que havia perturbado a Europa no final do século XVIII. Quando os novos governos democráticos destituíram os monarcas, nasceram ideias de liberdade individual e nacional que afectaram todos os domínios da vida. Os românticos aspiravam à liberdade, ao mesmo tempo que desejavam uma harmonia perfeita com a natureza. Na música, os compositores, menos interessados pelas formas puras , dedicaram-se sobretudo a exprimir as suas emoções, ideias ou crenças através das suas obras.

A semente que deu origem ao romantismo tinha sido semeada muito antes. Quase todas as músicas contêm elementos românticos, mas, agora que os compositores clássicos lhe dificultaram o desenvolvimento, novos músicos iam pelo contrário favorecê-lo. Beethoven foi um dos primeiros compositores a introduzir um elemento “emocional” na sua música, mas ele jamais lhe deixou modificar a estrutura da obra.

Franz Schubert, contemporâneo de Beethoven em Viena, foi ainda mais longe. Enquanto as suas sinfonias possuíam uma estrutura perfeitamente clássica, a maior partes das suas obras, em particular os cantos, ou “lieder”, são românticas. Nestes lieder, realizou ele um equilíbrio entre a melodia e o acompanhamento (isto é, a voz e o piano em geral), que exaltava a poesia do texto.

A liberdade musical :

Para que não perdesse tempo para ganhar a sua vida, os amigos de Schubert, dos quais nenhum era rico mas que partilhavam os mesmos ideais românticos, ajudaram-no o melhor que puderam.

É necessário ver nisto o sinal de mudança de atitude que se manifestou na época em relação à arte e aos artistas, em particular os músicos. Até ao século XIX, a música era escrita frequentemente para uma ocasião especial, e acontecia não ser nunca mais executada. Os compositores românticos entregaram-se à música unicamente enquanto expressão do pensamento criador, e eles preferiam suportar as dificuldades da existência em vez de sacrificarem a sua liberdade da artista. Deixando de ser um simples criado de soberanos ou da Igreja, o músico gozou então de um imenso prestígio.

Cravos e Pianos :

Os compositores românticos escreveram sobretudo peças para o piano, cuja moda eclipsou no século XIX a do cravo. O piano era um instrumento manejável e rápido, provido com um vasto registo de notas, e a sua sonoridade poderosa estava mais apta para exprimir os sentimentos do romântismo.

Compositores como Schubert, Chopin, Liszt, Brahms e Mendelssohn exploraram os efeitos de timbre expexciais do piano. Eles escreveram curtas peças ligueiras, nocturnos, prelúidos ou cantos sem palavras, destinados a descrever ou transmitir certos estados de alma, cenas ou ideias.

A influência da orquestra :

Na época romântica, a formação sinfónica desenvolveu-se para oferecer maiores possibilidades de expressão. Com o florescimento da orquestra apareceu o chefe-de-orquestra. Anteriormente, um dos principais instrumentistas (o primeiro violino, por exemplo) marcava e controlava a cadência e os ritmos com um movimento do arco. A partir de agora, tornava-se indispensável que alguém conduzisse o ritmo e fizesse ressaltar todas as nuances expressivas da música.

A secção das cordas formavam sempre a base da orquestra do século XIX mas os violinos, os altos (ou Violas de Arco), os violoncelos e os contrabaixos eram mais numerosos. Para produzir notas mais graves, fabricou-se um contrabaixo tão grande que era necessário um tocador para o arco e um outro, de pé, para premir a corda.

O emprego de instrumentos de sopro e de percussão aumentou. Os clarinetes, as flautas, os oboés e os fagotes constituíram o grupo do sopro e, em vez de um ou dois instrumentos, começaram a utilizar-se quatro ou mais associados a outros membros das suas famílias. Juntaram-se claves aos instrumentos de madeira e pistões às trompas e trombetas, para que os executantes pudessem tocar um música que exigisse uma maior capacidade técnica. O conjunto dos instrumentos de cobre veio a ter um lugar importante e regular na orquestra com as trombetas, os trombones, as trompas e as tubas.

Inventaram-se instrumentos para produzir sons insólitos. A trompa inglesa, por exemplo, dava um som ou mais obsidiante do que o seu parente, o oboé. A nova família de saxofones produzia um som enrte o clarinete e o oboé.


A ópera romântica :

Antes do século XIX, a ópera italiana com as suas “árias”, os seus duetos e as suas danças alternando com passagens de diálogo falado e de recitativos, era tão popular que, em muitos países, os compositores imitaram o estilo italiano.

Na Itália desenvolveu-se a grande ópera e a ópera bufa. Este última era de carácter mais leve e cómico: a música era fácil de escutar e a acção acabava quase sempre bem. As obras-primas deste estilo de ópera bufa foram escritas por Mozart em Viena.

Os compositores da grande ópera preferiam os assuntos sérios e trágicos. A acção era apresentada de forma fluida e contínua, sem diálogo falado.

As melodias, sempre escritas num estilo popular, tinham um carácter mais melodramático, e os cantores tinham sempre de ensejo de exibir os seus talentos. O drama musical era mantido por uma acção movimentada e pelo brilho dos factos e cenários.

O novo mestre deste estilo foi Guiseppe Verdi, filho de um estalajadeiro italiano.

Verdi começou por ganhar penosamente a vida, mas aos 30 anos, caminhava já para um goletto figuram entre as suas óperas mais representadas.

Ricardo Wagner nasceu em 1813, no mesmo ano que Verdi. Semelhante ao espírito romântico, a sua vida, tal como a sua obra, foi agitada e apaixonante. Perpetuamente endividado e perseguido pelos credores ou pela polícia, consagrou-se a um sonho partilhando com numerosos pensadores românticos: aliar a música, a poesia e o drama numa única forma de arte. Wagner realizou este sonho nas suas óperas, concedendo à narrativa e à forma como é conduzida uma importância igual à própria música. Suprimiu as árias e o recitativo, e identificou cada personagem, cada ideia, por um tema musical distinto ou “leitmotiv”.



Fogo-de-artfício instrumental :

O século XIX foi a grande época do instrumento solista. Na música, a nova liberdade de expressão autorizou os executantes a exprimir uma infinidade de emoções, e os seus recitais apaixonados tiveram os seus ídolos nas salas de concertos e nos salões particulares.

Quando tocavam com um acompanhamento orquestral, estes virtuosos executavam obras compostas expressamente para exibir a sua capacidade técnica, o seu ardor e a sua sensibilidade. Vedetas como o violinista italiano Paganini fizeram tournées pelas capitais europeias.

Nos salões, os pianistas-compositores Franz Liszt e Frederico Chopin atraíram uma multidão de admiradores entusiastas, principalmente as mulheres jovens. A poesia melancólica de Chopin era muito diferente do estilo vulcânico de Liszt, mas os dois caracteres agradavam ao gosto da época para o transbordar dos corações.

Muitos outros brilhantes compositores românticos iniciaram a sua careira musical como instrumentistas. Robert Schumann aspirava tão fortemente a tornar-se um virtuoso do piano que inventou um aparelho para lhe fortalecer os dedos: mas feriu-se e a sua carreira de solista acabou aí. Ele teve então de dedicar-se à composição.

A opereta e a Valsa :

A revolução política e industrial na Europa havia feito emergir uma nova classe média. Esta, no conjunto, não apreciava nada a obra dos compositores “influentes”, mas a ida à ópera ou ao concerto era um sinal de promoção social. Para satisfazer a procura de um estilo de música mais acessível, compositores como Jacques Offen-bach escreveram operetas que, conservando o esplendor da ópera, adaptavam a música e o drama ao gosto das classes médias.

Um outro divertimento popular reservado aos ricos eram os bailes, que tinham lugar em locais reservados e jardins de recreio. Em Viena, Johann Strauss dirigiu uma orquestra de baile. Ele compôs também numerosas obras, principalmente valsas célebres como O Danúbio Azul.

O nacionalismo :

Cerca do final do século XIX parecia que todas as avenidas do romantismo tinham sido exploradas. Durante quase um século, a música tinha sido dominada por compositores alemães : Beethoven, Wagner e Brahms. Wagner foi na época romântica o que Bach e Beethoven tinham sido nos períodos barroco e clássico : a sua estatura não havia deixado lugar para os outros.

Os compositores italianos e franceses, como Giocomo Puccini e Gabriel Fauré, tiveram de ser limitar a prosseguir a grande tradição dos seus países. Coube à Rússia, à Espanha, à Europa de Leste e à Escandinávia cultivar o novo movimento nacionalista.

Escrever uma música voluntariamente nacionalista era uma ideia inteiramente revolucionária; até então, os compositores de qualquer nacionalidade aplicavam-se a fazer da música uma linguagem internacional, compreendida por todos. É evidente que os compositores tinham sido sempre influenciados numa certa medida pela música tradicional do seu país. Todavia, em lugar de procurarem fundir estas influências num estilo internacional, os compositores nacionalista reforçaram a importância das canções folclóricas, escolhendo como assuntos para as suas óperas e poemas sinfónicos factos extraídos da história e da vida quotidiana dos seus países.

A primeira ópera nacionalista foi escrita em 1836 por um russo, Mikhaïl Glinka. No entanto, o movimento só se desenvolveu plenamente ao fim de trinta anos, transformando a Rússia num verdadeiro campo de batalha musical, quando os campeões do nacionalismo russo (Borodine, Moussorgsky, Cui, Balakirev, Rimsky-Korsakov, etc.) quiseram denegrir a obra de Piotr Tchaïkovsky. A música de Tchaïkovsky era de sabor nitidamente russo, mas o compositor recusou ser estorvado pela linguagem musical limitada dos seus cidadãos nacionalistas.

Sibelius captou nas suas sinfonias a atmosfera dos lagos e das florestas da sua Finlândia natal. Na Checoslováquia, o movimento nacionalista, criado por Smetana, foi desenvolvido por Dvošák e prolongado no século XX por Janašek. Em Espanha, Albeniz, Falla e Granados encheram a sua música de arabescos e de flamenco. Elgar campeia na Alemanha, enquanto Charles Ives e Aaron Copland contribuem para forjar o sonho americano.

No limiar do século XX :

No final do século XIX numerosos compositores aplicaram-se a renovar o espíritos que havia suscitado à música de Berlioz e de Wagner. Estes foram os novos românticos ou “neo-românticos”, entre os quais figuravam Elgar, Silelius, Mahler e Ricardo Strauss.

Ao mesmo tempo, alguns dos seus contemporâneos tentavam derrubar a alma romântica. Tchaïkovsky, Bruckner e César Franck, depois de Brahms, adaptaram a sua música à estrutura mais formal das sonatas e das sinfonias clássicas.

No início do século XX, estas ideias opostas orientaram a evolução da música em múltiplas direcções. Numerosos artistas adoptaram em certos períodos um estilo musical diferente. Sibelius, por exemplo, foi sucessivamente nacionalista, neo-romântico e impressionistas. Pouco a pouco, os artistas iam-se sentindo livres para escolher a sua própria tendência criadora. Deste modo, torna-se assim cada vez mais difícil ligar cada compositor a uma tradição musical.

O crepúsculo romântico :

Um dos compositores que marcaram o fim do período romântico foi Gustav Mahler.

Grande admirador de Beethoven, Mahler inspirou-se também na sua obra na música folclórica e nas danças campesinas da sua Áustria natal. Seu pai, que havia esperado fazer fortuna com o filho virtuoso do piano, mandou-o estudar para Viena. Felizmente, o seu professor compreendeu que Mahler era na realidade dotado para a composição e direcção de orquestra, e foi como chefe-de-orquestra que ele se tornou célebre nos dois lados do Atlântico.

O ofício de compositor não dava muito dinheiro e por isso havia numerosos músicos que se tornavam chefes-de-orquestra. Ricardo Strauss, por exemplo, ganhou a sua vida desta maneira, apesar de, desde os dez anos, haver publicado muitas obras por si compostas. Dirigindo a famosa Orquestra Filarmónica de Berlim, conseguiu uma tão sólida reputação que a sua carreira sobreviveu a um conflito com o partido nazi de Hitler.

Durante esse tempo, o movimento nacionalista suscitava um grande interesse pela música folclórica, cuja moda começara a declinar quando os camponeses deixaram os campos para se fixar nas novas cidades industriais. Pela primeira vez, essas árias tradicionais foram coligidas e estudadas de forma sistemática. Numerosos compositores do século XX contribuíram para este importante empreendimento, entre os quais Bartók e Kodály na Hungria. Assim, a música folclórica tradicional representou um papel importante nalgumas das suas composições.

À procura de originalidade :

A evolução da música tem estado muitas vezes ligada à das outras artes. Quando apareceu o novo estilo de pintura chamado “impressionismo”, no final do século XIX, ele influenciou grandemente um grupo de compositores franceses. O impressionismo visava fazer uma pintura mais “viva” ligando-se mais à atmosfera de uma cena do que à sua representação fiel.

Claude Debussy tentou obter o mesmo resultado com a música. Associando os instrumentos com originalidade o desenvolvendo um novo estilo de escrita harmónica, ele criou uma variedade de efeitos resplandecentes e coloridos. O Mar é a obra orquestral na qual Debussy pinta este elemento sempre instável.

Um outro compositor de talento ligado a este estilo de música é Maurice Ravel, se bem que o seu amor pelo classicismo e seus ritmos compassados inspirados no Jazz não lhe permitissem nunca ser tão rico e inacessível com Debussy.

Apesar de tudo faz pena que Debussy, que procurou criar um estilo “anti-romântico”, seja considerado por numerosos músicos modernos como o último grande compositor romântico. Ele incumbiu o seu amigo Erik Satie de desenvolver um estilo de escrita seco, espiritual e satírico, que arrancasse uma vez por todas a música à suavidade do impressionismo.

Na sua procura de um novo espaço, um grupo de músicos do século XX ligou formas e estilos pré-românticos com as ideias modernas de ritmo, harmonia e instrumentação. O primeiro compositor deste tipo de música, chamada hoje “neoclássica”, foi o italiano Busoni, que escreveu várias obras deste género entre 1897 e 1912. Todavia, o movimento só tomou realmente forma com a obra do compositor russo Igor Stravinsky.

Tal como Satie e Ravel, Stravinsky foi contratado para escrever música de ballet para o grande Sérgio de Diaghilev. A capacidade deste em descobrir jovens talentos fez dele uma das figuras mais influentes do inínio do século nos domínios da arte, da música, principalmente da ópera. Em 1913, quando Stravinsky apresentou o seu ballet, A Sagração da Primavera, foi um escândalo. Os sons discordantes e os ritmos insólitos desencadearam uma pateada sem precedentes; os efeitos deste acontecimento ainda se fazem sentir na música moderna.

O representante do movimento neoclássico na Alemanha foi Paul Hindemith. Grande compositor do contraponto de Bach, a música disciplinada de Hindemith reveste-se por vezes de uma precisão mecânica.

Os músicos utilizam uma linguagem particularmente para comunicar entre si. Contudo, nenhuma palavra pode exprimir o som musical real, de tal forma a música é insubstituível. A singularidade da linguagem musical ocidental reside na utilização da harmonia.
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Castrense
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Registado: 28 mai 2006, 21:27

Re: Como nasceu e como evoluiu a Música - parte 3

#2

Mensagem por Castrense »

caro amigo safirazul

so hoje li as tuas licoes, o meu grande agredicimento.
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